TEXTOS E PRÁTICAS DISCURSIVAS
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O discurso e as relações de poder

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O discurso e as relações de poder Empty O discurso e as relações de poder

Mensagem por Vaneza Oliveira Seg Set 10, 2018 3:51 pm

De acordo com Foulcault os discursos que produzimos em sociedade são controlados por relações de poder, construídas sócio historicamente, que determinam o que é válido ou deve ser rejeitado.  Existe um controle ou seleção de “verdades’ que, uma vez validadas, tem permissão para ser disseminada. Mecanismos de repressão do discurso, que o autor chama de interdição, delimitam quem pode dizer, o que, como e em que momento dizer. Portanto, embora “pareça pouca coisa”, em todo discurso existe um jogo complexo de interesses que se estrutura a partir de relações de poder e dominação, estabelecendo lugares privilegiados de fala.
Foucault questiona os procedimentos discursivos que reforçam e propagam o controle de tudo que é (re)produzido pelo discurso, impondo verdades construídas ou aceitas por uma sociedade a partir dos interesses de alguns grupos sociais.
A partir dessa leitura nos questionamos: até que ponto nossa fala é influenciada pelos discursos dominadores? Até que ponto somos manipulados pelas verdades socialmente impostas? Até que ponto somos silenciados pelos mecanismos de interdição ou rejeição?

Vaneza Oliveira

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Mensagem por Alberthyvania Seg Set 10, 2018 5:17 pm

Fazemos parte de uma sociedade pós-moderna recheada de mecanismos capazes de medir a todo instante as possibilidades de poder inseridas em todos os discursos, sejam eles expressados de maneira, verbal, visual ou até mesmo aqueles silenciados. Aquilo que é verdade agora, em instantes pode ser corrompido e passar a outras verdades ou até mesmo a sua total anulação, tudo gira em torno de uma sociedade de confrontos que ao meu ver baseia-se no discurso de dominação. A busca pela verdade está limitada ao que a sociedade entende por seu desejo e seu poder, gera-se nessa sociedade uma separação entre aqueles que buscam a verdade, os manipuladores da verdade e aqueles que não reconhecem a verdade por se deixarem corromper pela máscara social que apoia os devaneios discursivos. Esse pensamento nos remete ao discurso de Foucault quando esse fala em interdição (p.9): Sabe-se bem que não se tem o direito de dizer tudo, que não se pode falar de tudo em qualquer circunstância, que qualquer um, enfim, não pode falar de qualquer coisa".


Última edição por Alberthyvania em Seg Set 10, 2018 10:31 pm, editado 2 vez(es)

Alberthyvania

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Mensagem por Edicarla correia Seg Set 10, 2018 5:18 pm

Eu perguntaria em que momento não somos manipulados? As instituições sociais (família, igreja, mídia etc) a todo momento busca, por meio de seus discurso, seu lugar de fala que é lugar de poder, os usa para reproduzir discursos de uma ordem dominante, historicamente construída e estabelecida, por mais que haja discursos combativos, descontínuos, quem está no lugar de poder sempre irá buscar meios para legitimar e fortalecer seu lugar. Entretanto não devemos deixar de evocar nossa vontade de verdade diante do que nos é colocado, restituir ao discurso, segundo Foucault, seu carater de acontecimento, na busca de suspender, ou buscar brechas para ampliar nossa capacidade de constestação, à soberania do significante.

Edicarla correia

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Mensagem por Lais Seg Set 10, 2018 5:52 pm

Focault acredita que existem meios de controlar os discursos. Um deles diz respeito à determinação das condições de funcionamento dos discursos, de impor aos pronunciantes regras e assim não permitir que todos possam acessá-lo. É o que ele chama de rarefação, e, neste caso, refere-se aos sujeitos que falam. Assim, quem entra na ordem do discurso? Para Focault, “ninguém entrará na ordem do discurso se não satisfazer a certas exigências ou se não for, de início, qualificado para fazê-lo”. Nesta construção de hierarquias, existem regiões do discurso que são “abertas e penetráveis” e “outras altamente proibidas”.
A colega Vaneza questiona: até que ponto nossa fala é influenciada pelos discursos dominadores?
Devemos pensar em quem são esses dominadores para poder averiguar qual tipo de relação permeia a prática discursiva e em que lugar da ordem do discurso estamos, ou seja, nos situarmos, para fins de identificarmos se podemos penetrar neste discurso ou não. Se pensarmos que todo discurso já foi produzido, não temos certa autonomia na construção discursiva, ela já vem carregada de uma ideologia da memória e outra que por nós fora construída.
Com relação ao segundo questionamento: até que ponto somos manipulados pelas verdades socialmente impostas?
Se temos condição de discursar, ao mesmo tempo em que pronunciamos (e estamos sendo atravessados por uma relação discursiva de poder), estamos construindo uma nova, o que devemos é buscar ter cuidado para poder fazer leituras mais aprofundadas dos contextos que permeiam as relações discursivas para fins de produzir nossos discursos de modo consciente e “livre” e não tomá-los como verdadeiros. A produção discursiva deve buscar ser, além de historicizada, dinamizada.
E quanto ao terceiro questionamento: Até que ponto somos silenciados pelos mecanismos de interdição ou rejeição?
Se pudermos acessar o discurso (já que como colocou Focault existem discursos proibidos), devemos buscar entender como o discurso se constitui e enxergar as entrelinhas da sua produção, para fins de perceber os mecanismos de controle, exclusões, interdições e buscar não reproduzi-los como verdade universal. O discurso precisa ser contestado. No Brasil, por mais que vivamos os resquícios de um processo histórico autocrático e escravocrata, somos sujeitos que mantém o desejo do discurso. Se queremos discursar, que busquemos mecanismos de produção que descaracterizem a ideia de que o discurso é universalizante e incontestável.


Lais

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Mensagem por Vaneza Oliveira Seg Set 10, 2018 10:27 pm

Verdade Lais. Precisamos considerar, como disse Orlani, que os discursos já estavam aqui antes de chegarmos. Portanto somos afetados pelas dimensões sócio, histórico, ideológicas impregnadas consciente ou inconscientemente na nossa fala. O não dito está presente o tempo todo em nosso discurso, ancorado no que já ouvimos, lemos, experienciamos. É preciso que estejamos atentos para que não sejamos meros (re)produção de verdades intencionalmente construídas que excluem, oprimem, inferiorizam, silenciam, estigmatizam.

Vaneza Oliveira

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Mensagem por Vaneza Oliveira Seg Set 10, 2018 10:36 pm

Concordo Edicarla, até porque é do interesse do dominador que tomemos seu discurso como único e inquestionável, naturalizando e aceitando todas as formas de dominação. Subverter, através do discurso e da ação, essa condição, não é fácil nem simples, mas pode ser um mecanismo importante de desestruturação dessa ordem das coisas.

Vaneza Oliveira

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Mensagem por Edson Ribeiro de Jesus Sex Set 14, 2018 10:08 pm

“O discurso nada mais é do que um jogo, de escritura, no primeiro caso, de leitura, no segundo, de troca, no terceiro, e essa troca, essa leitura e essa escritura jamais põem em jogo senão os signos. O discurso se anula assim, em sua realidade, inscrevendo-se na ordem do significante”. (FOUCAULT, 2010, p.49).

Por essa perspectiva, o discurso para Foucault manifesta-se como um jogo de signos, pelos quais vários discursos se conectam e se cruzam, estabelecendo, portanto, não apenas significados produzidos no próprio discurso, mas, e sobretudo, uma ordem estruturada que tem sua funcionalidade no significante do simbólico social. Dessa forma, os discursos produzem valores que se interiorizam na sociedade. Por esta razão, segundo Foucault, o discurso não se resume apenas à representação de sentidos, ou seja, o discurso se configura como objeto de poder, através do qual, se perpetua sua especificidade de reprodução e dominação.
É nesse sentido, que o autor apresenta como a difusão dos discursos em uma sociedade, conferem as funcionalidades de controle e disciplina, interdição e legitimação das regras do jogo, bem como das relações de poder no interior da sociedade.

Edson Ribeiro de Jesus

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