A ordem do discurso e as relações de gênero
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Lais
Vaneza Oliveira
Edicarla correia
7 participantes
TEXTOS E PRÁTICAS DISCURSIVAS :: A ORDEM DO DISCURSO :: A ORDEM DO DISCURSO NA PERSPECTIVA DE FOUCAULT
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A ordem do discurso e as relações de gênero
Ao estudarmos Foucault percebemos que ele não procura indicar quem deseja dominar, ou ainda seus motivos, mas como funciona esse processo de sujeição e dominação dos indivíduos. "Tudo se passa como se interdições, supressões, fronteiras e limites tivessem sido dispostos de modo a dominar, ao menos em parte, a grande proliferação do discurso" (p. 50). Ao trazer este conhecimento para as relações de gênero, penso nos diversos discursos que nos acultura, que dociliza nossos corpos; e, nos induz a comportamentos muitas vezes indesejados, que, por mais que existam sujeitos que não estejam tão submetidos a aceitar as manobras de poder do que outros, somos reprimidos, nossa rebeldia tentará será combatida e contida de diversas formas por aqueles que detém o lugar de poder no discurso. Porém, mesmo assim, continuamos a buscar preencher as lacunas da nossa capacidade de contestação, causando desordem na ordem imposta, fazendo nascer novas ordens, novos discursos, novos jogos de pensamento, novos lugares de fala e de poder.
Última edição por Edicarla correia em Seg Set 10, 2018 8:53 pm, editado 1 vez(es)
Edicarla correia- Mensagens : 17
Data de inscrição : 10/09/2018
Re: A ordem do discurso e as relações de gênero
Foucault aborda essa dificuldade em desvencilhar-se das estratégias empregadas pelo discurso para invalidar aquilo que não se adequa ao que é posto como verdade. Assim, o discurso das minorias, por exemplo, tem sido silenciado, a voz desses grupos não é ouvida, o que não significa dizer que são inválidas as tentativas te subverter essa ordem através dos movimentos sociais, da escola que trabalha com a perspectiva multicultural, dos discursos individuais que se posicionam contra as verdades produzidas. Ao contrário, como Carla coloca, a rebeldia contra essa ordem do discurso é necessária se pretendemos incomodar e nos fazer ouvir ainda que mediante tentativas de interdição.
Vaneza Oliveira- Mensagens : 10
Data de inscrição : 10/09/2018
Re: A ordem do discurso e as relações de gênero
O interdito é fundador e constitutivo do discurso. O interdito seria como um operador que incide sobre o silêncio real, portanto, mesmo que entre os interditos não podemos perder nossa capacidade de buscar nos fazer ouvir, pois o interdito é uma operação linguístista, que mesmo pelo o não-dito, estaremos criando tanto discursos quanto silêncio.
Quanto a isto sobre a plenitude de sentidos do silêncio, segundo Foucault, este pode permitir que parte dessa matéria significante se transforme em linguagem com a condição de que uma porção desses sentidos permaneça sempre em silêncio.
Quanto a isto sobre a plenitude de sentidos do silêncio, segundo Foucault, este pode permitir que parte dessa matéria significante se transforme em linguagem com a condição de que uma porção desses sentidos permaneça sempre em silêncio.
Edicarla correia- Mensagens : 17
Data de inscrição : 10/09/2018
Interdição do Discurso
Focault revela a íntima relação entre discurso, desejo e o objeto do desejo de tal forma que ao se analisar o discurso do sujeito percebe-se não apenas a intenção mas também os sistemas de dominação e poder do qual o sujeito tenta se apoderar para conquistar o objeto do desejo. Assim são os próprios processos de dominação que constroem os processos de censura do discurso como tentativa de reduzir em importância qualquer outro discurso contrário ao discurso hegemônico ou que venha questionar ou causar rupturas na ideologia do discurso em voga.
Maria Florencia- Convidado
Re: A ordem do discurso e as relações de gênero
Sobre o interdiscurso, vivenciamos por uma situação talvez comum a muitas mulheres, hoje ao ouvir algo impróprio e pejorativo, que talvez alguns homens entendam como comum, porém nos fez refletir sobre esses discursos que buscam nos condicionar, ou muitas vezes o não-dito, o silêncio que julga, nos relembrando e nos fazendo docilizar o comportamento, mesmo que inconscientemente, já está impregnado, ou como no tópico colocado por Vaneza, condicionados por vários discursos e falas de manipulação e dominação. Em que momento não somos manipulados?
Edicarla correia- Mensagens : 17
Data de inscrição : 10/09/2018
Re: A ordem do discurso e as relações de gênero
Todo discurso, portanto, precisa ser analisado/contestado. A partir do momento que aceitamos um discurso como norma, corremos o risco de estarmos naturalizando uma prática discursiva que se traduz em opressão, dominação ou violência. Quando Foucault fala da sexualidade ele aduz que “estamos muito longe de haver constituído um discurso unitário e regular da sexualidade”, haja vista que há várias interdições que implicam a produção discursiva. Quando se fala das relações de gênero não se quer discutir/produzir um discurso homonegeizante, até porque não existe um único gênero humano, é preciso construir uma perspectiva da não violência, do não domínio, da não submissão, com vistas a não se fazer dos discursos instrumentos de naturalização de práticas de violências e exclusão.
Lais- Mensagens : 11
Data de inscrição : 10/09/2018
Re: A ordem do discurso e as relações de gênero
Os discursos de gênero tem colaborado na interpretação das relações sociais que dão sentido às percepções históricas que conduzem a relação de poder. O impacto histórico que promove as diferenças entre sexos tem sido produzido ao longo das sociedades sejam elas inclusivas ou excludentes, essas características traz como consequência disputas políticas e sociais, falar sobre gênero vai além de diferenciar sexos, é um discurso mais elaborado, organizado e por isso mais impactante. Foucault nos apresenta sua concepção sobre sexualidade humana quando expõe as diversas possibilidades da relação saber/poder, nos levando a perceber as disputas políticas impregnadas na sociedade.
Alberthyvania- Mensagens : 11
Data de inscrição : 10/09/2018
A ordem do discurso
A ordem do discurso de Michel Foucault procura chamar a atenção para os discursos existentes na sociedade e que são controlados como formas de poder e repressão. O autor deixa claro que há diversos procedimentos de repressão do discurso.
Foucault aborda ainda, a exclusão e a rejeição e nos traz como explicação a oposição entre a razão e a loucura. A exclusão é bem explicada pelo discurso do louco que não é aceito pela sociedade que o considera nulo porque não obedece regras sociais. Nisto sintetiza a segregação da loucura , uma vez que não admite esse discurso como verdadeiro, visto que não tem validade, pois não há verdade.
O autor traz outros meios de controle do discurso e inicia falando do comentário "o comentário conjura o acaso do discurso fazendo-lhe sua parte: permite-lhe dizer algo além do texto mesmo, mas com a condição de que o texto mesmo seja dito e de certo modo realizado".(p.25-26).
Por fim, o autor apresenta condições para que os indivíduos formulem seus discursos. Depois apresenta as sociedades de discurso e a doutrina que também irá determinar como o indivíduo produzirá seu discurso.
Foucault aborda ainda, a exclusão e a rejeição e nos traz como explicação a oposição entre a razão e a loucura. A exclusão é bem explicada pelo discurso do louco que não é aceito pela sociedade que o considera nulo porque não obedece regras sociais. Nisto sintetiza a segregação da loucura , uma vez que não admite esse discurso como verdadeiro, visto que não tem validade, pois não há verdade.
O autor traz outros meios de controle do discurso e inicia falando do comentário "o comentário conjura o acaso do discurso fazendo-lhe sua parte: permite-lhe dizer algo além do texto mesmo, mas com a condição de que o texto mesmo seja dito e de certo modo realizado".(p.25-26).
Por fim, o autor apresenta condições para que os indivíduos formulem seus discursos. Depois apresenta as sociedades de discurso e a doutrina que também irá determinar como o indivíduo produzirá seu discurso.
Regina Dias Silva- Convidado
Re: A ordem do discurso e as relações de gênero
Bem pertinente, Regina debater sobre a loucura. Foucault afirma "o louco é aquele cujo o discurso não pode circular como os dos outros"(10). No conceito de louco, muitas vezes carrega uma ideologia bastante forte, por isso, precisa ser questionado na sociedade em que vivemos. Quem são os considerados loucos? Quão perigo carrega o discursos de tantas pessoas que são chamadas de loucas?
Lembro-me do discurso de nosso poeta nordestino "Ariano Suassuna". O mesmo sempre dizia que adorava a lucidez dos loucos para ser personagens de suas peças.
Lembro-me do discurso de nosso poeta nordestino "Ariano Suassuna". O mesmo sempre dizia que adorava a lucidez dos loucos para ser personagens de suas peças.
Maria Cristina- Mensagens : 11
Data de inscrição : 10/09/2018
Re: A ordem do discurso e as relações de gênero
A discussão de Foucault, abordada por Regina e Maria Cristina é pertinente, sobretudo ao analisar o contexto histórico no qual os discursos são controlados na sociedade, através de formas de poder e repressão. Dessa forma, existem discursos que são continuamente reprimidos e excluídos, como o discurso do louco, o qual está fora do padrão preestabelecido e valorizado socialmente. Desde a Idade Média o discurso do louco é considerado insignificante, os considerados “loucos” não tem as mesmas possibilidades dos demais, consequentemente são excluídos e o discurso dos dominantes persiste carregado de preconceitos, então a relação de poder continua se reproduzindo.
Juliana Mota Lima- Mensagens : 8
Data de inscrição : 10/09/2018
Re: A ordem do discurso e as relações de gênero
Com relação à loucura e os discursos sobre ela, abordado pelas colegas Regina, Juliana e Maria Cristina, vale mencionar que a questão da loucura, assim como da sexualidade e entre outras mais, Foucault, tem por objetivo compreender como as concepções da sociedade contemporânea, sob tais questões, foram constituídas ao longo da história. Para tanto, o seu procedimento teórico evidencia uma outra perspectiva para a relação entre “saber e poder”. Para Foucault, um não está separado do outro, ao contrário, numa concepção moderna que se considerava o saber como antecessor do poder, tendo em vista conhecer a essência para praticar a ação, com Foucault, o poder não se desvincula do saber, e mais, este poder atrelado ao saber constitui as concepções de verdade ou efeitos de verdades. Nesse sentido, o que Foucault analisa com relação à loucura, não é que a psiquiatria se institui para entender o louco ou a loucura, mas como mecanismo do poder para disciplinar, controlar e isolar o louco da sociedade. A partir de então, os discursos da instituição psiquiátrica sobre a loucura, se constituem como efeitos de verdades para qualificação, classificação e segregação do que seria loucura ou não.
Edson Ribeiro de Jesus- Mensagens : 3
Data de inscrição : 10/09/2018
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