O que há de perigoso nos discursos?
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TEXTOS E PRÁTICAS DISCURSIVAS :: A ORDEM DO DISCURSO :: A ORDEM DO DISCURSO NA PERSPECTIVA DE FOUCAULT
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O que há de perigoso nos discursos?
O livro “A Ordem do Discurso” nos provoca inquietudes em relação a vários aspectos relacionados às práticas discursivas em nosso meio. Foucault defende a tese de que “nossa sociedade apesar de venerar o discurso tem por ele uma espécie de temor”. Dessa forma cria-se um sistema de controle, de seleção, de coerção, de limite na produção do discurso. Seja por não saber falar e ou por não poder dizer tudo que sente vontade. Daí, estabelece-se a hierarquia: aqueles que podem, aqueles que não podem falar; o que pode ser dito e o que não pode, isto é, dita-se a ordem do discurso.
Um tipo de poder visível em nossa sociedade e que o autor discorre no livro, chama-se o poder disciplinar. A vigilância exercida pelos regimes disciplinares, sobretudo pelo estado e pela igreja, desde a Idade Média, se perpetua e se manifesta até os dias atuais, através das mesmas e de outras instituições tais como: as escolas, as igrejas, os partidos políticos, as famílias, as prisões, os exércitos, os hospitais, as clínicas de recuperação entre outras. Instituições essas que em nome da paz, da integridade física e moral, social, controlam e disciplinam, oprimem, manipulam, doutrinam os seres humanos. Para tais práticas, usam até conhecimentos fornecidos por profissionais e pelas ciências sociais. Daí, faz-se necessário questionarmos: como deve ser a postura do educador no exercício da docência, de modo que as interdições em sala não sejam jogo de poder?
Maria Cristina- Mensagens : 11
Data de inscrição : 10/09/2018
Focault
O livro é bem denso e traz varias questões a cerca do poder que tem o discurso sobre as relações humanas de sorte que aquele que detém o poder sobre o discurso contribui para o controle e manutenção da ideologia por trás do discurso. Se não existe discurso vazio, pois ele carrega intencionalidade e se afirma nessa própria intencionalidade, aquele que o constrói detém o poder das relações de poder sore o mesmo, contribuindo para manter o discurso na hora da vez. Logo a produção do discurso é controlada, selecionada, organizada e redistribuída propositadamente com a função de revelar poderes e perigos cuja função é dominar um acontecimento aleatório.
Maria Florencia- Convidado
Re: O que há de perigoso nos discursos?
Em sua obra "A ordem do discurso", Focault desvela as nuances do discurso em que este enquanto rede de signos se conecta a outros tantos discursos, possibilitando a reprodução e estabelecimento de valores podendo exercer influencias, suscitando novos discursos que podem vir a comprometer os sistema hegemônico instituído.
Pode ser exemplificar através da civilização ocidental que através do sistema de controle de discursos, conseguiu garantir sua soberania a outras culturas.
Pode ser exemplificar através da civilização ocidental que através do sistema de controle de discursos, conseguiu garantir sua soberania a outras culturas.
Rita Dias Nascimento- Mensagens : 8
Data de inscrição : 10/09/2018
Re: O que há de perigoso nos discursos?
Concordo com seu posicionamento Rita, em se tratando da cultura ocidental, exemplos bastante comum sobre poder abusivo está em relação às interdições no campo da sexualidade, como bem afirma Foucault . O corpo foi visto (ainda é) pela igreja, como tabu, objeto “pecaminoso”. Dessa forma, a igreja regulava e exercia controle sobre os fiéis.
Maria Cristina- Mensagens : 11
Data de inscrição : 10/09/2018
Re: O que há de perigoso nos discursos?
O poder disciplinar foi um poder legitimado pelo estado. Até hoje ele vigora em nossa sociedade, de modo que não é difícil que ele seja reproduzido nos espaços de educação. Há um controle do estado por meio das políticas públicas de educação do modo de ser dos sujeitos que acessam aos mecanismos de exercício de tal direito por meio dos discursos. Tais discursos são travestidos de democracia, o que pode maquiar a ideia de liberdade. No Estado Brasileiro o cerceamento do exercício do direito à educação traduz uma prática com resquícios de um modelo ditatorial, ou seja, de controle, que mantém privilégios, que nega as diversidades culturais e as especificidades dos sujeitos sociais. Há uma multiplicidade de discursos, é preciso superar discursos únicos, postos como verdades universais que se reproduzem em práticas homonegeizantes. Quando se quer impor um discurso como verdade universal, aí percebemos onde reside os seus perigos.
Lais- Mensagens : 11
Data de inscrição : 10/09/2018
Re: O que há de perigoso nos discursos?
Lais, os currículos escolares podem também ser exemplificados como perigosos, pois é uma prática de poder que pode permear um jogo ideológico hegemônico e se configurar através de práticas pedagógicas padronizadas, visando os interesses do mercado de trabalho, de consumo de uma sociedade neoliberal.
Maria Cristina- Mensagens : 11
Data de inscrição : 10/09/2018
O que há de perigoso nos discursos?
Achei excelente essas discussões sobre a contribuições de Foucault articulada ao contexto educacional , na tentativa de pensar o funcionamento do sistema, escola e sujeito. Dessa forma, podemos considerar que a escola é uma das instituições de discurso de verdade e poder, a qual a partir de vários elementos, entre eles o currículo (enfatizado aqui na discussão) é um elemento que permite controlar os sujeitos com o discurso de verdade. Talvez, esse currículo seja elaborado para manter a submissão e disciplina imposta pelo sistema.
Adailce- Convidado
O que há de perigoso nos discursos?
Sobre essa discussão, Foucault aborda sobre apropriações sociais dos discursos. Ele afirma que toda sociedade tem instituições responsáveis e específicas pela distribuição dos discursos, pelo controle das apropriações. Para exemplificar, ele cita o sistema educativo “ todo sistema de educação é uma a maneira política de manter ou de modificar apropriação dos discurso, com os saberes e poderes que eles trazem consigo". (1971, 44)
Adailce- Convidado
Re: O que há de perigoso nos discursos?
Foucault toma a educação como uma ferramenta de alcance considerável nas sociedades contemporâneas, no sentido da veiculação de discursos que é capaz de realizar, considerando ainda os elementos que permeiam essa atuação, tal como seleções, distâncias, oposições e tensões sociais que surgem de vários lados. Nesse sentido, e correlacionando com o nosso programa de Mestrado interessado nos debates acerca da Educação e Diversidade, é perceptível a contribuição teórica do autor ao evidenciar a relevância de observar e intervir de modo crítico e atento aos sentidos que carregam as produções discursivas que são construídas e ressignificadas no cotidiano, seja em espaços escolares ou não-escolares de aprendizagem, observando as predileções e displicências – que não são inocentes ou irrisórias - presentes na escolha de temáticas, pautas, metodologias, currículo e práticas, de uma maneira geral, corroborando com as noções colocadas pelas colegas Lais e Maria. O debate iniciado pelas meninas me remete, de imediato, a dois pontos:
O polêmico movimento em prol do Programa Escola sem partido, que pretende cercear abordagens ainda incipientes que decorreram da crescente influência que os Estudos Culturais vêm desempenhando em pesquisas e práticas educativas no Brasil nos últimos anos, de maneira tendenciosa e fundamentada no que chamam de “moral”, embora façam uso do argumento da defesa de uma “neutralidade ideológica”, que, como coloca Foucault, mesmo que bem-intencionada, seria inalcançável. Em segundo, a tendência da educação como commodity (educar para a mão-de-obra), onde as pessoas estariam internalizando uma “ética empreendedora” na administração de suas próprias vidas, ansiando responder aos interesses e exigências do mercado de trabalho nas sociedades capitalistas. Talvez eles possam nos ajudar a pensar na atual multiplicidade e força com que determinados discursos, oriundos de diferentes grupos e instituições sociais e políticas, desempenham poder ao influenciar a constituição de identidades e a prática educativa, tornando a atuação de movimentos sociais, a gestão escolar e a docência campos de trabalho ainda mais delicados.
O polêmico movimento em prol do Programa Escola sem partido, que pretende cercear abordagens ainda incipientes que decorreram da crescente influência que os Estudos Culturais vêm desempenhando em pesquisas e práticas educativas no Brasil nos últimos anos, de maneira tendenciosa e fundamentada no que chamam de “moral”, embora façam uso do argumento da defesa de uma “neutralidade ideológica”, que, como coloca Foucault, mesmo que bem-intencionada, seria inalcançável. Em segundo, a tendência da educação como commodity (educar para a mão-de-obra), onde as pessoas estariam internalizando uma “ética empreendedora” na administração de suas próprias vidas, ansiando responder aos interesses e exigências do mercado de trabalho nas sociedades capitalistas. Talvez eles possam nos ajudar a pensar na atual multiplicidade e força com que determinados discursos, oriundos de diferentes grupos e instituições sociais e políticas, desempenham poder ao influenciar a constituição de identidades e a prática educativa, tornando a atuação de movimentos sociais, a gestão escolar e a docência campos de trabalho ainda mais delicados.
vanessaionara- Mensagens : 6
Data de inscrição : 10/09/2018
Re: O que há de perigoso nos discursos?
Foucault, propoe maneira de analisar o discurso;
um crítico e outro genealógico. comtempla o princípio de
inversão, as formas de limite e exclsao e de limitação. O genealógico se da como os discursos foram formados a partir de práticas e sistemas de
coerção; analisa, também, quais foram as regras de produção e perpetuação desses
discursos e quais são suas variações. A obra é interessante, porem densa de difícil compreensão, deixou, brechas e lacunas
um crítico e outro genealógico. comtempla o princípio de
inversão, as formas de limite e exclsao e de limitação. O genealógico se da como os discursos foram formados a partir de práticas e sistemas de
coerção; analisa, também, quais foram as regras de produção e perpetuação desses
discursos e quais são suas variações. A obra é interessante, porem densa de difícil compreensão, deixou, brechas e lacunas
quelegeo@hotmail.com- Convidado
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