Análise de Conteúdo: o que as nossas escolhas têm a dizem sobre a nossa análise?

Calixto, Cavalcante e Pinheiro (2014), arguem que “a análise de conteúdo compreende técnicas de pesquisa que permitem, de forma sistemática, a descrição das mensagens e das atitudes atreladas ao contexto da enunciação, bem como as inferências sobre os dados coletados. A escolha deste método de análise pode ser explica¬da pela necessidade de ultrapassar as incertezas consequentes das hipóteses e pressupostos, pela necessidade de enriquecimento da leitura por meio da compreensão das significações e pela necessidade de desvelar as relações que se estabelecem além das falas propriamente ditas”. Assim, apontam a necessidade de destacar as relações das perguntas estipuladas com a escolha da análise de conteúdo enquanto método proposto para aproximação da resposta. Não cabe, portanto, uma escolha aleatória. Destaco a pré-análise, fase apontada por BARDIN como a primeira fase da organização de análise de conteúdo que objetiva a sistematização para que o analista possa conduzir os ritos da análise. As escolhas nessa fase são primordiais para todo o processo da pesquisa e da análise. É uma fase importante para o/a analista, independente de qual escolha de dispositivo faça. Ter um planejamento inicial acerca das escolhas dos materiais que serão analisados e dos indicadores hermenêuticos implica organização metodológica e compromisso com a pesquisa para fins de atender às especificidades do que ela demanda. Sem dúvidas, resta claro que enquanto pesquisadoras e pesquisadores temos que fazer escolhas, escolhas essas alinhadas com o comprometimento ético, metódico e coerente do constructo da pesquisa.

A análise de conteúdo permite uma amplitude de possibilidade de interpretação, uma vez que ela a todo momento pode ser reinventada para atender ao objetivo pretendido. Mas como você mesmo diz, Laís, requer um "comprometimento ético, metódico e coerente" nesse processo, e, sem perder de vista as funções da AC: Heurística, enriquecer a tentativa exploratória e aumentar a propensão à descoberta; Administração da Prova, sistematizar a análise no sentido de testar as hipóteses. Assim, cabe a disciplina na constituição das significações durante os procedimentos da pesquisa.

A discussão levantada por Laís e Gerlane acerca da análise de conteúdo é bastante relevante, sobretudo por evidenciar a importância do comprometimento ético, metódico e coerente no processo da pesquisa científica. Desse modo, fica explícito que além do rigor metodológico, o compromisso ético também é essencial. Vale ressaltar que a análise de conteúdo é um método cuja análise apresenta uma organização sistemática caracterizada pela pré-análise, exploração do material e tratamento dos resultados obtidos e interpretação. Segundo Bardin, na pré-análise é possível identificar a escolha dos documentos a serem submetidos à análise, a
formulação das hipóteses e dos objetivos e a elaboração de indicadores que fundamentem a interpretação final. A segunda fase referente a exploração do material consiste essencialmente de operações de codificação, desconto ou enumeração, em função de regras previamente formuladas. Enquanto a terceira fase caracteriza-se pelo tratamento dos resultados obtidos e interpretação, ou seja, os resultados brutos são tratados de maneira a serem significativos e válidos.

Na AC o texto é um meio de expressão do sujeito, onde o analista busca categorizar as unidades de texto, um exemplo disso, em uma análise prática dessas unidades de texto em uma análise que o pesquisador fará durante seu processo de interpretação dos dados (palavras ou frases do conteúdo do texto) é buscar palavras que se repetem, inferindo uma expressão que as representem. Observamos isto na prática, quando a intervenção realizada por Vania, Lais, Vaneza e eu, em educação e tecnologia, buscamos realizar a contagem de palavras que mais se repetiram nos discursos durante a intervenção, e a partir daí construimos a inferência de expressões que representaram os discursos.

Percebo que a cada dia que estudamos mais aprendemos algo novo na análise de discurso e de conteúdo, e como estes campos são vastos e requer dos pesquisadores e pesquisadoras aprofundamento teórico e principalmente prática de pesquisa, ou como seria interessante estudar métodos de análise de pesquisas já realizadas de colegas de nosso MPED como forma de ver na prática como se dá a análise e a fundamentação destes dispositivos. Fica a dica!

A cada vivência nas aulas do MPED passamos por experiências que nos ajudam a compreender cada vez mais aquilo que buscamos em relação a nossa pesquisa. trabalhos Confesso que ainda não me sinto preparada em colocar em prática o uso de uma dessas análises e tenho quase certeza que essa possibilidade se fará após muitas leituras e a partir de observações de vários outros trabalhos. Enquanto isso fiquemos com a certeza que independente da escolha feita precisaremos dominar as técnicas necessárias para utilizar seja lá qual for a análise escolhida.
Enquanto isso continuemos com nossas leituras e aberturas para novas compreensões.