A busca pela verdade

Foucault anuncia em seu discurso a premissa de que a busca pelas ditas verdades segue uma relação próxima à busca ou a manutenção do poder. A verdade se deslocou por vários séculos em função da soberania das classes dominantes, que arquitetavam seus discursos em torno das suas necessidades de proliferação da dominação. Posteriormente, com o advento das descobertas das ciências naturais e sobretudo da entrada na era Positivista, as verdades eram equacionadas por resultados de ensaios e testes realizados por um grupo seleto de intelectuais dominantes do saber. A natureza e a sociedade eram resumidas a objetos mensuráveis, a fenômenos observáveis, em eventos cuja repetição haveria de ser previsível por métodos estatísticos e probabilísticos. O nível técnico de descrição e detalhamento das justificativas para as verdades era exlcudente, uma vez que as camadas não privilegiadas da sociedade não detinham conhecimento suficiente para entendê-las... só restava aceitá-las. Foucault reforça essa ideia conclamando que "a aritmética pode bem ser o assunto das cidades democráticas, pois ela ensina as relações de igualdade, mas somente a geometria deve ser ensinada nas oligarquias, pois demonstra as proporções de desigualdade" (FOUCAULT, p. 18).